4 de setembro de 2009

A CURIOSIDADE SEXUAL E O DESEJO DE INVESTIGAR E APRENDER NA CRIANÇA

A sexualidade infantil
Costuma-se pensar que a vida sexual do ser humano se inicia no momento em que se produzem as mudanças da puberdade, considerando que a sexualidade está unicamente relacionada com a capacidade de reprodução. No entanto, desde mais uma perspectiva ampla, que circunscreve a sexualidade na busca de prazer, deve considerar-se que a vida sexual do ser humano começa no dia de seu nascimento.

Na criança, o impulso sexual se manifesta através da insistente busca de satisfação de suas necessidades biológicas como comer, dormir e evacuar, porque estas atividades, além disso, lhe produzem prazer. A criança aprende, deste modo, a reconhecer o que lhe causa prazer e o que lhe produz desgosto, de maneira que tenta voltar a senti-lo de todas as formas possíveis: chupando o dedo, tocando partes do seu corpo ou reclamando atenções de seus pais.

A curiosidade da criança
As primeiras perguntas e investigações que as crianças fazem têm a ver com a sexualidade. Antes dos dois anos, o interesse da criança se centra principalmente em explorar o próprio corpo e o corpo da mãe manualmente, para descobrir fortuitamente o que causa prazer e diversas sensações agradáveis. Esta é a fase de exploração e manipulação. Mais tarde, dos três aos seis anos, a atenção se desloca do próprio corpo para o sexo contrário: os meninos descobrem as meninas, e as meninas, os meninos; percebem a diferença sexual anatômica e se perguntam inquietos «Por que as meninas não têm pênis?», «E os meninos podem perdê-lo?», «Mamãe também tem?», Depois eles descobrem que mamãe não tem, mas que ela pode ter bebês e papai não. Estas revelações alvoroçam a crianças. Assim, as brincadeiras correspondentes a esta idade giram em torno ao fato de ter ou não ter aquilo que é visível. Por isto, os meninos mostram certo orgulho pelo órgão genital externo.
A curiosidade infantil pelos mistérios da vida sexual de seus pais e pela origem da vida é o primeiro passo - e um dos mais importantes - no seu desejo de conhecer e de aprender. Por esta razão, nunca se deve coibir este desejo investigador na criança, nem a sua vontade de saber, mesmo que ela inquira sobre sexualidade e suas perguntas incomodem os pais.


Por que as perguntas das crianças incomodam?
Se os pais nunca prestaram atenção às manifestações sexuais espontâneas de seu filho antes que ele começasse a perguntar sobre o assunto, certamente se sentirão muito surpreendidos quando ele o fizer. Isto costuma acontecer quando os pais não lembram nada de sua própria curiosidade sexual infantil, se eles tiveram uma evolução sexual conflitiva, se não receberam respostas esclarecedoras de seus pais durante a infância, ou se, ainda na idade adulta, rejeitam tudo o relacionado com a sexualidade. Mas, só se os pais aceitarem a curiosidade sexual de seu filho como um aspecto necessário de seu desenvolvimento, poderão responder com a atenção que seu filho merece.

Muitos pais, não só se sentem incomodados com as perguntas de seus filhos, mas também com o contato direto com seus corpos. Este tipo de contato (que as crianças pequenas procuram) não deve ser recusado com indelicadeza pelos pais, mas paulatinamente, à medida que as crianças crescem e se tornam mais independentes.

Afundar na própria infância através do diálogo com os próprios pais pode refrescar-nos a memória, o que nos resultará muito útil para entender melhor os nossos filhos. Estas lembranças remotas ou latentes são muito importantes para a educação sexual dos nossos filhos, porque a melhor maneira de compreendê-los é compreender-nos mais um pouco a nós mesmos e evitar repetir erros dos que possivelmente fomos objeto.

Mirian K. Marques Pereira
CRP 06/96324

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